sábado, 30 de abril de 2011

Comunicação Crinabel Teatro - Teatro Espaço Comum - jornadas sobre a criação artística na comunidade - Beja 2011

Comunicação

Inclusão pela Arte

Nos últimos anos, as equipas que trabalham nas mais variadas áreas de intervenção junto de grupos sócias minoritários, têm encontrado constantes variantes nas terminologias e conceitos, aplicados ao enquadramento destas pessoas e projectos na vida social activa.

Um exemplo: nas instituições ligadas à deficiência, as crianças ou meninos (independentemente da faixa etária em questão), passaram a jovens, depois a utentes e agora são denominados clientes das instituições que os recebem.

No que toca ás artes: o teatro feito por pessoas portadoras de deficiência, já foi denominado de Teatro especial, Teatro Social, ou mais recentemente de Teatro Inclusivo, procurando assim sublinhar o enquadramento e a importância destes projectos na afirmação dos deveres e dos direitos da pessoa portadora de deficiência.

A palavra inclusão pressupõem o enquadramento de determinada pessoa colectiva ou singular na dinâmica comum do quotidiano social. E na verdade utilizamos mais vezes do que julgamos, este conceito de inclusão. Na verdade cada um de nós ambiciona de uma ou de outra maneira a possibilidade de inclusão na dinâmica social, participando com aquilo que nos é possível participar profissionalmente ou pessoalmente na orgânica colectiva.

Desde a infância qualquer um de nós, independentemente da sua condição, pretende incluir e ser incluído.

A essência da palavra, julgo ser sempre a mesma, a sua força apenas varia, quando transportada entre contextos.

Denominações...

Eu gosto de pensar em homens e mulheres, em teatro, musica, pintura, dança, e na forte possibilidade de utilizar as diferenças intrínsecas de cada individuo para potenciar o nascimento de um pensamento colectivo e de uma respectiva posição sobre algo.

E de facto a Arte em geral permite esta comunhão.

Em 1986 a quando do nascimento do projecto Crinabel Teatro, o nosso pais, debatia-se ainda mais do que nos dias de hoje, com a dificuldade de encontrar espaços onde a educação, formação e ocupação da pessoas portadora de deficiência se pudesse discutir, estruturar e tornar realidade.

Eram ainda frágeis, as metodologias de intervenção, o trabalho era ainda empírico e urgia a necessidade de encontrar alternativas que possibilitassem não só o desenvolvimento qualitativo da vida destes cidadãos, como também a sua aproximação a uma sociedade da qual estavam profundamente desligados.

As artes vieram desbloquear algumas destas questões. A partir do teatro, da dança, da musica ou da expressão plástica, foi possível encontrar um caminho que permitiu uma exploração da criatividade destas pessoas. E a cima de tudo promoveram uma aproximação à comunidade envolvente e mesmo ás próprias famílias, que encontraram nos seus familiares capacidades até ai desconhecidas.

Os espectáculo ou exposições iam acontecendo cada vez mais fora do muro das instituições e o efeito de contaminação possibilitava que outros núcleos ou instituições ligadas à deficiência reconhecessem os benefícios da utilização das expressões artísticas no desenvolvimento psico/motor destas pessoas e desenvolvessem novos projectos e propostas junto destas populações.

E se em meados dos anos 80 se contavam pelos dedos os projectos de educação pela arte no seio da realidade da deficiência, hoje em dia são inúmeros os projectos válidos e de trabalho continuo. O técnicos que foram chegando a estes projectos trazem já uma formação mais sólida, tanto no campo pedagógico, da deficiência ou mesmo da criação artística o que permitiu um crescimento quantitativo e qualitativo dos projectos e acções desenvolvidas. Mas ainda há muito a fazer...

Contudo, hoje em dia, a discussão em torno destes projectos já não se foca apenas e só nos benefícios educativos e de formação social e individual. Começa-se a discutir e a trabalhar noutros sentidos. Num aperfeiçoamento das técnicas teatrais, numa procura de identidade artística e estética dos projectos, numa busca por uma consciência sobre aquilo que se faz e acima de tudo na estruturação de um discurso e de uma posição dos intervenientes nestas iniciativas naquilo que produzem.

Queremos discutir as sociedades , as culturas e as suas posições éticas e ideológicas, e não encerrarmo-nos na realidade de um grupo social e cremos a cima de tudo que o publico que acompanha estes projectos, veja para alem dos rostos e dos corpos que ali estão à sua frente.

Há sua frente estão Homens e Mulheres que querem discutir o mundo, querem relê-lo querem utilizar a visão e a ideia que tem dele e encontrar as diversas formas de o habitar.

E é este o papel do teatro: se o Teatro se alimenta do que a Humanidade construiu, é necessário encarar essa Humanidade, conscientes da sua pluralidade.

Considero que o Teatro deve tanto aos grandes mitos como ás pequenas historias. Por isso, ele pertence ás gentes e não aos sistemas. A criação e a exploração da criatividade é um direito de qual quer um e a escolha das artes para firmar um discurso sobre a nossa relação com os outros e com nós mesmos é uma opção reservada a cada individuo.

Marco Paiva

Beja, 30 de Abril de 2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Crinabel Teatro na Figueira da Foz


Um Monólogo, de Gregory Motton
Encenação de Marco Paiva, com António Coutinho
Dia 2 de Maio pelas 14h30 no Auditório Municipal do Museu da Figueira da Foz
A não perder!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Primeiro espaço de partilha do Laboratório Teatral "Da Ideia ao Objecto"

Já podem seguir os primeiros passos do laboratório teatral "Da Ideia ao Objecto", que se realizará de 2 a 7 de Maio na Quinta da Fonte Quente, Tocha, e que será dirigido pelo actor e encenador Marco Paiva.

www.daideiaaoobjecto.blogspot.com

Este projecto é uma iniciativa do grupo Crinabel Teatro e da Fundação Calouste Gulbenkian.

Acompanhem-nos nesta viagem.

Até breve

Crinabel Teatro